Os portugueses são um povo de viajantes
Portugal tem apenas uma fronteira terrestre, que nos separa dos nossos vizinhos em Espanha. A restante fronteira é com o mar. Isto fez de Portugal uma nação de marinheiros e viajantes desde muito cedo, com veleiros portugueses a abandonar o país em direção ao desconhecido desde 1419. Essa é a data em que navegadores portugueses descobriram o arquipélago desabitado da Madeira, começando aquilo que se viria a chamar a Época dos Descobrimentos e dando o mote para todas as outras nações europeias.
Isto, claro, implica que uma parte significativa da nossa história seja sobre as antigas colónias portuguesas. Até cinco milhões de Brasileiros são lusobrasileiros e possuem, ou teriam direito a possuir, nacionalidade portuguesa. O mesmo é verdade para 220.000 Angolanos e mais de 80.000 Moçambicanos, compondo assim as três maiores nações independentes que foram em tempos parte do Império Português. Para um país de apenas dez milhões, é bastante.
A imigração levou os portugueses ao mundo
As comunidades portuguesas, no entanto, não são todas reminiscentes da Época dos Descobrimentos. A longa história de imigração portuguesa também é responsável por isto. O período mais significativo para compreender este fenómeno é o da ditadura. De 1936 a 1974, Portugal foi governado com punho de ferro por António de Oliveira Salazar (e, nos últimos anos, pelo seu sucessor, Marcello Caetano), um fascista em tudo senão no nome. O seu austero corporatismo e tendências imperialistas levaram Portugal à estagnação económica e a uma sangrenta guerra colonial que forçariam muitos jovens portugueses a abandonar o país, por mar ou por terra. Claro, da dificuldade surge a oportunidade, e as gloriosas comunidades portuguesas que hoje existem desde Newark, nos Estados Unidos, a Paris ou ao Luxemburgo são um bonito testemunho do espírito empreendedor e da resistência à adversidade do povo português.
França, Estados Unidos e Brasil
Estes são os três países onde vive a maioria dos cidadãos portugueses que trabalham fora do país. Estima-se que vivam 1,4 milhões de Portugueses nos Estados Unidos da América, 800.000 em França e um número semelhante no Brasil.
Áreas como Newark, São Paulo, Belém do Pará ou Paris têm comunidades portuguesas enormes e uma forte influência portuguesa. Pode-se ver este efeito na arquitetura, na comida e até na língua. Portanto, se alguma vez estiver num destes lugares, ou noutros similares pelo mundo fora, não se surpreenda se vir uma bandeira vermelha e verde pendurada à varanda, ou, pelo canto do olho, um desfile de verão com música, a celebrar os santos populares.